FESSORA! De Aline Lemos
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O primeiro grito em sala de aula. |
Aline narra a sua experiência curta e intensa em sala de aula em uma HQ de leitura rápida e cortes dinâmicos. São vários pequenos fragmentos que vão se amarrando, ora destacando os discentes, ora os docentes; ora as relações de sala de aula, ora as relações da sala dos professores; ora as alegrias e conquistas, ora as derrotas. Aliás, é esse o ponto que mais gosto nessa HQ, a docência é repleta de fracassos, e nem todos nossos “sucessos” são percebidos na hora – as vezes demoram anos para perceber que determinado aluno se inspirou na sua aula, que um ou outro determinado momento fez bem pra ele e o impulsionou.
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Fessora!, de Aline Lemos. 2021 |
O desenho e a quadrinhização da Aline estão bastante maduros e mantendo um ótimo diálogo. Ela não usa régua paras os requadros, então há sempre uma linha sinuosa que mantém a página vibrando, fato que acrescenta muito à composição de página bastante variada. Vibração e dinâmica que aumentam a noção de “vida loka” que é a vida docente, sem dúvidas.
O contraponto a essa dinâmica vem com as sequências de rotina da semana de preparação e aulas num momento em que a professora se esforça, mas se perde no ritmo escolar. Aqui Aline, acertadamente, opta por tornar a leitura vertical e linear, numa rotina que vai enquadrando a professora em uma tensão ideal x realidade.
A vibração da HQ é tão grande que estranhei um pouco os momentos em que ela abandona a tipografia desenhada e usa tipografia digital. Esse meu meu estranhamento é visual, porque durante a leitura, narrativamente, faz todo sentido, já que ela usa essa mudança apenas em citações de pesquisas e reportagens inseridas na HQ.
Também vale destacar duas boas entrevistas curtas que são incluídas no final do álbum, o que remete a essa vontade documental que sempre parece acompanhar a autora.
Ótima e agradável leitura que problematiza a educação sem ser nada maniqueísta. Li lembrando do meu início docente, com muitas questões parecidas. Defenda a Educação!
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O final em que nos percebemos totalmente afetados por nossas turmas. |
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